A Folha de S. Paulo anunciou anteontem o seu novo conselho editorial. O anúncio não destaca as qualidades profissionais e intelectuais dos selecionados, mas a “diversidade” (palavra da moda usada para implicar que o grupo foi selecionado com base em algumas características étnicas e sexuais). A formação da nova equipe, entretanto, pode decepcionar aos que “lutam por igualdade”.
A Folha, tradicional jornalão associado à população mais mais rica do país, continua comandada majoritariamente por homens brancos e, aparentemente, heterossexuais. Na nova equipe diretora há apenas uma mulher negra. Aliás: uma mulher negra rica.

São sete homens, contra apenas cinco mulheres, revelando assim a persistência da disparidade de gênero na alta cúpula do jornal. Não há nenhum travesti e nenhuma lésbica masculinizada, o que pode ser interpretado como mais uma evidência de exclusão trans. Embora pretos e pardos sejam mais da metade da população brasileira, há apenas dois mulatos na nova composição da equipe, contra nove brancos.
A renda média brasileira é inferior a um salário mínimo, mas todos os onze novos mandachuvas do jornal preferido dos ricos e remediados paulistas ganham bem mais do que isso.
A nova equipe terá como integrantes a milionária Luíza Trajano, a fundadora do portal africanista Geledés, o ativista negro Thiago Amparo, o colunista Helio Schwartsman, o opinador profissional Joel Pinheiro da Fonseca e o banqueiro Luiz Frias, entre outres. A Folha precisa incluir mais, que tá pouco.
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