As professoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro responsáveis pelo projeto de pesquisa LESBOCÍDIO: AS HISTÓRIAS QUE NINGUÉM CONTA tentam, por todos os meios judiciais possíveis, impedir que eu continue contando as histórias do referido projeto de pesquisa.
Primeiro, assim que comecei a contar tudo o que sabia – usando como fonte os próprios sites mantidos por elas – elas deletaram os sites. Boa estratégia, quase perfeita: se não havia onde checar quais os dados que elas usavam para afirmar que 126 mulheres morreram por serem lésbicas entre 2014 e 2017 (e mais algumas dezenas em 2018) no Brasil, como eu poderia demonstrar que esta alegação disseminada através de documentos, palestras e entrevistas por elas é falsa?
Depois, entraram na justiça cível contra mim: pediam indenização, solicitavam que minhas páginas fossem retiradas do ar e que eu fosse proibido judicialmente de retornar a mencionar seus nomes ou a pesquisa que conduzem.
Conseguiram êxito parcial na decisão de primeira instância: a justiça me condenou ao pagamento de indenização às pesquisadoras – pelo fato de eu ter dito que elas mentem ao afirmar que mortes como as que detalharei abaixo são casos de “morte de lésbicas por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica” e determinaram ao Facebook que apagasse a página “Quem a homotransfobia não matou hoje?”.
Finalmente, abriram processo criminal contra mim, pedem à justiça que me prenda pelos mesmos motivos pelo qual já me condenou a pagar indenização.
EM RESPOSTA: UMA SÉRIE DIÁRIA APRESENTANDO OUTROS CASOS
Após a queda da página original associada a este blog, decidi criar uma nova, e é lá que pretendo (enquanto a Justiça brasileira assim me permitir) continuar divulgando os casos que foram tratados pelas estudiosas como se fossem “mortes de lésbicas por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica” e dos quais consegui salvar informação.
Republico a seguir os seis primeiro posts, a série diária. Continuarei fazendo novos posts sobre este estudo, sempre trazendo informações sobre os casos informados na página que era mantida pelas estudiosas no Twitter e que foi apagada por elas após eu iniciar minhas denúncias quanto à falsidade da conclusão central da pesquisa.
Privilegiarei os casos que ainda não havia comentado anteriormente.
ELLEN BEATRIZ DE FARIAS SANTOS
Não me sinto confortável de começar com um caso como este, mas a pesquisa LESBOCÍDIO é mesmo desconfortável.
Ellen era uma menina de apenas 17 anos que se suicidou sem deixar esclarecimento à família sobre tal ato de desespero.
Todos os anos, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 11 mil seres humanos se suicidam no país.
Os motivos conhecidos para o suicídio estão intimamente relacionados a alguns transtornos psíquicos (a depressão sendo o mais relacionado) que podem ser desencadeados por diversos fatores ambientais ( problemas financeiros, desilusão amorosa, doença terminal, conflitos familiares, PRECONCEITO CONTRA A SEXUALIDADE…) ou apenas por fatores biológicos (desequilíbrios hormonais, mutações em receptores…).
Para QUEM? não se pode afirmar que todo suicídio de pessoa lésbica seja motivada por intolerância homofóbica, como se lésbicas não fossem seres humanos normais, que também sofressem as demais agruras dos seres humanos enfrentam.
A inclusão de Hellen como sendo um caso de morte motivada por lesbofobia num relatório é fraude, não pela impossibilidade de que tenha sido este o motivo desencadeador do sofrimento, mas pela impossibilidade de se afirmar que foi.
Já para a UFRJ, quando uma lésbica se suicida temos um caso de “morte por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica” ” uma vez que há detecção de circunstâncias de privações de direitos limítrofes que levam algumas lésbicas a optarem pelo suicídio” (trechos entre aspas copiados do Dossiê Lesbocídio, documento oficial da pesquisa).
DEBORA CRISTINA DIAS PEDROSO
Identificada – na página do Twitter mantida pelas estudiosas – apenas como DEBORA PEDROSO (a foto comprova ser a mesma pessoa), Debora era uma policial que estava de licença por motivos psiquiátricos desde 2011 e foi assassinada em 2017.
Em matéria de dezembro de 2017, os policiais responsáveis pela investigação disseram à reportagem do G1 que o crime era um grande mistério e que não havia evidências fortes quanto autoria ou motivação.
Já as pesquisadoras da UFRJ responsáveis pela pesquisa Lesbocídio trataram – à mesma época – o caso como “morte por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”.
GISALDA PEREIRA DA COSTA
A notícia do G1 informa que a vítima tinha passagem por roubo:
Uma pesquisa pelo Google informa ainda que a vítima já tinha respondido a pelo menos três processos criminais: um dos três fora por homicídio e o outro por lesão corporal contra a companheira amorosa dela, por conta deste foi presa em flagrante e foi mantida algum tempo em cárcere:
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/59948129/djac-04-10-2013-pg-16
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/67989732/djac-24-03-2014-pg-58
Não era a primeira vez que era acusada de violência doméstica, já tendo respondido a um processo anterior, que foi extinto por desídia.
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/53411963/djac-22-04-2013-pg-96
Havia outras prisões e acusações contra Gisalda:
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/44355750/djac-17-12-2012-pg-115
https://www.jusbrasil.com.br/…/pg-104-diario-de-justica-do-…
https://www.jusbrasil.com.br/…/44355…/djac-17-12-2012-pg-115
Ampliando a pesquisa no Google para o nome da vítima do homicídio do qual Gisalda era acusada, descobrimos que aquela era traficante de drogas:
https://tj-ac.jusbrasil.com.br/…/ap…/inteiro-teor-104890851…
As últimas notícias sobre a morte de Gisalda não apontam conclusão por parte da polícia sobre autoria e motivação dos crimes, mas os investigadores declaravam suspeitar de acerto de contas.
Gisalda – contudo – foi classificada pela UFRJ como vítima de morte motivada por “lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”.
EVELIN DE CÁSSIA DA SILVA
Evelin caminhava com seu irmão Gilson no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Enquanto caminhavam próximo ao cruzamento entre as ruas Francisco Claudino Ferreira e Dídio Sampaio houve um acidente de trânsito com uma subsequente briga entre os envolvidos no acidente.
Gilson, vendo a confusão, tentou intervir – não se sabe se no sentido de apaziguar os ânimos ou de tomar partido de um dos envolvidos.
Fato foi que alguns homens que haviam se envolvido no acidente ficaram irritados com a intervenção de Gilson e atiraram nele. Evelin foi tentar proteger o irmão e, por isso, também acabou morta.
Esta foi a versão dada por testemunhas oculares, e confirmada pela delegada Aline Manzatto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, que prendeu no dia 25 de outubro de 2017 a Alef Silva, apontado pela polícia como um dos autores do crime.
Mas a Polícia Civil do Estado do Paraná não foi tão célere quanto a Universidade Federal do Rio de Janeiro: antes de a PCPR ter prendido o assassino, as especialistas em #lesbocídio da universidade já haviam – ignorando completamente os relatos das testemunhas oculares e a investigação policial – classificado o assassinato de Evelin como “morte de lésbicas por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”.
MARCELA MARIA DE OLIVEIRA
Mais um dos casos de #lesbocídio – isto é, de morte motivada por “lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica” – listados e divulgados pelas três especialistas em lesbocídio da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Marcela era policial militar e havia namorado uma vigilante – de nome Elaine Cristina da Silva. O casal tinha se separado e Marcela já estava em novo relacionamento.
Elaine não aceitava a separação e apareceu na casa de Marcela para tirar satisfações sobre o abandono e sobre o novo namoro da ex-companheira. Após uma breve discussão, Elaine saiu da casa da ex-namorada, mas ficou escondida de tocaia na rua.
Quando Marcela saiu para passear com a nova namorada e o filho, Elaine baleou a policial com vários disparos a queima-roupa e logo depois tentou se matar.
LAURA REGINA DE SOUZA ORTIZ
Mais um caso de #lesbocídio divulgado pelas especialistas da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro na extinta página do projeto LESBOCÍDIO: AS HISTÓRIAS QUE NINGUÉM CONTA no Twitter ( as estudiosas deletaram a página depois que eu comecei a usar os próprios dados que elas publicavam para mostrar que as principais conclusões do estudo são falsas, mas eu já havia salvo um print em PDF de todo o conteúdo disponível lá ).
Laura era casada com Scarlet.
Tiveram uma briga por ciúmes, depois que Laura foi vista conversando com um homem. A briga começou em um bar e continuou em casa, onde Scarlet acabou matando Laura, a facadas.
Scarlet foi condenada a míseros 6 anos em regime semi-aberto pelo homicídio.
Já a UFRJ qualificou o crime como “lesbocídio”, definido pelas suas estudiosas como “morte de lésbica por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”.
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