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Vou começar este post com um disclaimer: a intenção aqui não é demonizar mulheres e também não é santificar os homens.
Atos de violência podem ser cometidos e vitimar quaisquer seres humanos, independente de raça, sexo, sexualidade, idade, time de futebol, preferência musical et cetera. E eles deveriam ser julgados em função de suas circunstâncias particulares também e não – como é tendência no judiciário contemporâneo – com base em características como sexo da vítima e do agressor ou outras.
Isto não significa que – por fatores múltiplos: socioeconômicos, culturais, biológico-evolutivos et cetera – não seja possível traçar grupos de prevalência para diversos tipos de agressão tanto no quesito agressor quanto no quesito vítima.
O que este post pretende é mostrar que as narrativas demonizadoras sobre homens (como o conceito sexista de “masculinidade tóxica”) constantemente desenhadas pela ideologia de ódio mais poderosa das últimas décadas se sustentam em cima de uma meticulosa filtragem sobre quais dados que serão espalhados nos seus poderosos ventiladores e sobre quais dados serão varridos para debaixo do tapete pelos organismos (mídia, partidos políticos, professores de humanidades, ONGs e organizações supra-nacionais entre outros) responsáveis pela propaganda de tal ideologia.
Dra Heidi Stöckl é uma epidemiologista especialista em violência doméstica muito citada pela grande mídia, pelo ativismo feminista e por organizações governamentais, não-governamentais e supra-governamentais no Brasil.
Feministas gostam de replicar uma revisão sistemática conduzida por ela em 2013, sob patrocínio da Organização Mundial da Saúde.
No tal estudo, intitulado “The globalprevalence of intimate partner homicide: a systematic review”, Dra Stöckl estima de que cerca de 40% das mulheres e cerca de 6% dos homens são assassinados pelo parceiro ou parceira (dados estimados semelhantes para o Brasil e para o mundo). O que feministas não costumam informar é que segundo este mesmo estudo, as estimativas brasileiras de assassinatos cometidos contra parceiros íntimos indicam que MAIS HOMENS DO QUE MULHERES morrem assassinados pelo companheiro amoroso.

EXPLIQUEI NESTE POST como a aplicação das estimativas produzidas por Heidi indica um número de pouco menos 4000 homens e pouco menos que 2000 mulheres mortos todos os anos em assassinatos cometidos por parceiros ou ex-parceiros no Brasil.
Em outro estudo: infanticídio
Mas hoje vou tratar de outro estudo conduzido pela mesma pesquisadora. Trata-se do artigo intitulado “Child homicide perpetrators worldwide: a systematic review”. Neste artigo ela se debruça sobre 126 estudos selecionados após uma filtragem de uma amostra de 9431 pesquisas acessadas a partir de 18 bancos de dados diferentes.
No resumo dos resultados a pesquisadora informa que os dados foram obtidos de 44 países e indicaram que os pais foram responsáveis por 56,5% dos infanticídios. Leia-se pais aí como “pais e mães”. Qual será a proporção de pais de cada sexo que chegam ao ponto de matar seus próprios filhos?
Esta informação não aparece no resumo, mas ao longo do texto somos informados que apenas 33 dos 44 países disponibilizavam distinção entre pai e mãe e que quase todos os infanticídios contra recém-nascidos são cometidos pelas mães. Não se trabalha mais a comparação entre assassinatos entre pais e mães no artigo em si, mas a tabela suplementar é disponibilizada e lá podemos ver que:
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- Mães são responsáveis por cerca de 100% (cem por cento) dos assassinatos de recém-nascidos com menos de 1 dia cometidos por um dos pais nos 10 países com dados disponíveis para esta faixa etária.
- Meninos são consistentemente as maiores vítimas: em quase todos os países em que foram apresentados dados nacionais comparativos pelo sexo da vítima (Inglaterra, Gales, Suíça, Hungria, Islândia, EUA, Brasil e África do Sul) foram encontrados mais meninos que meninas assassinados. Dados brasileiros são regionais (Rio Grande do Sul) e os demais são nacionais. Na Finlândia houve empate.
- Entre os assassinatos de bebês com menos de 1 anos (excluídos os com menos de 1 dia de vida)as mães foram maioria dos assassinos em 12 dos 13 países que disponibilizaram dados comparativos entre pais e mães. É nesta faixa que estão os maiores números de assassinatos cometidos por pai ou mãe. Apenas nos EUA foram mais de 5 mil casos entre 1976 e 2007: a maioria destes cometidos pela mãe
- Entre adolescentes apenas 3 países providenciaram dados comparativos entre pais e mães. Destes os pais foram os maiores assassinos em 2 e as mães em 1. Nos dados deste estudo, contudo, uma minoria dos casos tinha adolescentes como vítimas de assassinatos por pais, independente do sexo (isto é: a maioria dos assassinatos nesta faixa de idade são cometidos por outras pessoas)
- Considerando apenas as crianças do sexo masculino, apenas 4 países possuem dados comparáveis entre pais e mães. Em dois deles os pais foram os assassinos mais frequentes, em outros dois as mães.
- Considerando apenas as crianças do sexo feminino, também 4 países possuem dados comparáveis entre pais e mães. Em dois deles as mães foram os assassinos mais frequentes, em um houve empate, em outro foram os pais.
- Considerando todos os perpetradores independente da faixa etária ou sexo da vítima, mães aparecem como principais assassinas em 19 países, os pais aparecem como maiores assassinos em 12
- Finalmente, considerando apenas os dados de assassinatos por padrasto e madrasta, dos 9 países com dados para esta categoria os padrastos aparecem como maiores assassinos em 7. Padrastos e madrastas, contudo correspondem a uma pequena fatia dos assassinos de crianças em todos os países em que foram contados, sempre bem menor que a de pais e mães.
Se os dados da pesquisa de Dra Heidi Stöckl sobre crimes passionais costumam ser filtrados por propagandistas feministas de maneira que se apresente apenas o percentual estimado de homicídios femininos cometidos pelos parceiros amorosos (omitindo-se quase sempre o percentual estimado masculino e as suas conversões em números absolutos), neste estudo sobre infanticídio há pouco material para que feministas filtrem.
É capaz de divulgarem os dados sobre mortes na mão de padrastos como alarmantes, quem sabe?
Fontes
Artigo: https://bmjpaedsopen.bmj.com/content/bmjpo/1/1/e000112.full.pdf
Tabela suplementar: https://bmjpaedsopen.bmj.com/content/bmjpo/1/1/e000112/DC1/embed/inline-supplementary-material-1.pdf?download=true
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