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“Sou mulato, sou mestiço/Sou corajoso de sobra/Só brigo quando preciso Viva o Tim Maia!”
Os versos de Itamar Assumpção ( “Ir para Berlim” : https://youtu.be/cV4aVcywcHE ), louvando a multiplicidade de influências que o fez ser o imenso compositor que foi são extremamente ofensivos, é o que jura o portal africanista Geledés: preferido de 10 em cada 9 cabeças do ativismo racista africanista.
O portal é fascinado pela produção de listinhas toscas de palavras e expressões ‘racistas’. Aquela mestiça empoderada que deu chilique quando você se referiu a ela como mulata deve ter aprendido que “mulata vem de mula” através do Geledés.
Vitor Paiva – um jovem branco cujo maior talento é o de ser filho de um cartunista famoso nos anos 80 – escreveu uma destas listinhas publicadas pelo portal e mostrou que é preciso uma grande dose de criatividade para enxergar racismo em tudo que é expressão linguística.
Vitor defende que “debaixo deste angu tem caroço” se refere a uma maneira que escravos tinham de conseguir algum pedacinho de carne, surrupiado da casa grande e levado para a senzala escondido nas panelas de angu.
E eu que achava que se referia às pelotas de fubá que ficavam escondidas na polenta quando minha mãe parava de mexer a colher antes que o creme começasse a borbulhar.
“De bucho cheio” – continua ele – vem da prática de escravos esconderem ouro em buracos “chamados de bucho”. E eu que acreditava que ficar de bucho cheio era só ficar de bucho cheio.
Aliás, esta expressão significa a mesma coisa que no Brasil quando traduzida diretamente ( palavra por palavra) pra todos os idiomas mais falados do Ocidente.
Em inglês “bucho cheio” se diz “belly full” (donde vem “Them belly full but we hungry/ A hungry mob is a angry mob”, versos de Bob Marley que – provavelmente – Vitor considera racistas ).
Em italiano uma expressão popular famosa é “a pancia piena si pensa meglio” ( de bucho cheio se pensa melhor ).
O Garfield abaixo está pensando (em bom francês) que “Um bucho cheio é um bucho feliz”.
Me parece óbvio que a junção entre qualquer substantivo que represente a região abdominal do corpo humano com algum adjetivo que represente plenitude sempre quis dizer – nos mais diversos idiomas – que a pessoa comeu bastante, que está bem alimentada.
Mas se o Vitor não inventasse uma origem racista sem pé nem cabeça para a expressão, como ele iria conseguir publicar um texto no Geledés? ( Aliás: será que “sem pé nem cabeça” se refere aos escravos que eram decepados como exemplo para os outros que tentassem fugir? )
Mas e se fosse? Uma das mais famosas ‘expressões racistas’ atacadas pela galera africanista é a belíssima palavra ‘mulato’ que – junto com termos como ‘moreno’ e ‘caboclo’ – faz menção a mestiçagem típica do povo brasileiro, embelezando nossa música, nossa literatura e nossas conversas cotidianas.
“Ahhh, o namorado dela é um mulato alto assim, sabe? Lindão o moço”, “Mulata, mulatinha, meu amor. Fui consagrado teu tenente interventor”…
Não pode mais não!
“Mulata vem de mula!”, berram os ativistas: quase todos mulatos, como eu, mas que juram por deus que são negros.
Mulato seria o termo usado para se referir aos escravos que faziam serviço de carga, em alusão aos equinos usados para o mesmo fim.
E se realmente a palavra mulato tiver surgido num contexto associado ao uso de negros como escravos no Brasil colonial? Qual a relevância disto para o significado e uso do termo hoje?
Zero! Null! Rosca! Nadica!
“Ridículo” originalmente significava “aquilo que faz rir”, costumamos rir ou ficamos putos diante de algo ridículo como um africanista chamando de racista a quem usa a palavra ‘mulato’?
“Escravo” vem de “eslavo”, que é o nome dado ao povo loiro de olhos claros que era escravizado por romanos na Antiguidade. Lembramos de loiros de olhos claros nascidos na Ucrânia quando ouvimos falar em escravos?
“Valer a pena” remete ao uso da pena de ave molhada em tinteiro para escrever, antes que existissem nossas queridas canetas Bic.
As cartas eventualmente terminavam com algo como “Não vale usar a pena para falar sobre tais cousas tão triviais. Sobre elas ter-me-ei contigo pessoalmente, ainda nesta primavera”.
Aliás: a palavra inglesa “pen” vem do latin “penna” pelo francês “penne”, que significa “pena” (de galinha, de pato, de faisão…).
Será o Benedito que alguém no mundo lembra de pena de ganso quando diz “Give me a paper and a pen, please”? Será que vale a pena buscar a origem etimológica de cada expressão e termo que decidimos usar?
Ou será que este mimimi sobre o uso de “mulata” é apenas uma ridícula demonstração de como o ativismo racista africanista não tem a menor graça?
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